sábado, 6 de fevereiro de 2016

A velha e o nada

https://www.youtube.com/watch?v=DUqejMZZxP0

Ando pensando que a vida é uma sucessão de nadas.
Se esses nadas se tornam algo, é porque atribuímos significados.
Quando, no entanto, a tristeza rouba a energia que nos permite criar sentidos, e a crueza da vida arranca abruptamente toda a proteção meticulosamente bordada sobre as pontas afiadas da realidade, sobra a secura sem fim desse mundo áspero. Tudo fica vazio.
Viver, nesses dias, tem sido um esperar eterno, não sei pelo quê. Um esperar eterno pelo que sei que não volta.
Sento e espero por um futuro que, com sorte, será tão bom quanto algum momento no passado.
Rezo para que logo seja novamente capaz de me enganar. Talvez algum novo amor me devolva os óculos coloridos de distorção do que vejo. Talvez alguma crença numa mudança que hoje sei impossível.
A humanidade falhou e eu falhei com ela. Sou um fracasso, somos. Esse sentimento de que tudo deu errado... esse tanto que sonhamos, a vida que pensamos, aquela casa, aqueles filhos, aquele mundo que era melhor, que era um lugar pelo qual valia a pena lutar, dar a vida por, tudo isso deu em lugar nenhum.
Se eu fosse como as outras pessoas, deveria só aceitar que acabou e recomeçar. Mas eu dou demais de mim e quando prometi o eterno, sem querer me peguei falando a verdade.
Se o eterno acabou sendo um ponto final logo ali, dois passos à frente, eu fiquei então com um eterno nada depois dessa vida que morreu.
No passado, eu limitei a felicidade futura, eu dei a felicidade futura praquela promessa de depois. Não houve depois e agora tudo está perdido.
Tudo está perdido.
Eu estou perdida.


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