segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Conchas

As pequenas conchas nada respondem sobre a imensidão do mar.
Observam inertes e inocentes, com olhos de quem nasceu na areia da praia e viveu sempre na calmaria de fim-de-onda que com um beijo displicente molha os pés.
Não, as pequenas conchas nada dizem sobre as grandes revoluções em alto mar, sobre a sua natureza feroz e inexorável, plenamente cheia de morte e de vida, de cadáveres e óvulos, de assustadores e consoladores braços.
As pequenas conchas mentem descaradamente sobre móveis, em quadros ou dentro de caixas, como delicadas memórias distorcidas.
Minúsculas conchas são como sorrisos partidos, fincados na areia das expressões costumeiras, após avassaladores tsunamis: o sentimento que irrompe em mim.

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